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Anajô Antunes – Artista Plástica, Arteterapeuta e Origamista; Maira Martins - Psicóloga, Psicomotricista e Origamista. Nossa história na Arte Dobrada começa em maio de 2008 com uma Oficina de Criatividade em uma Festa de Aniversário para uma menina que completava 3 anos de vida. A oficina despertou a curiosidade e o interesse não só das crianças como também de seus pais. A partir dessa acolhida positiva, resolvemos criar novos projetos ampliando nosso espaço de ação.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Apresentação

                                   Infinitas Dobras
                                  Regina Marcia Rebelo

Fazer dobras, plicar o papel, re-produzir através de dobraduras, ideias, desejos... Concretizar expectativas e, mais do que isso, ver surgir nas construções criadas o imaginado, o imaginário e, por que não, o inimaginável. Dobrar, plicar, re-plicar, ex-plicar a vida. Enfim, plicar e re-plicar o papel é tornar "real" o que, inicialmente, era apenas idealizado.

No origami, as dobras no papel são feitas deliberadamente buscando uma forma ideal, mas podemos imaginar um papel que já se nos apresenta marcado por uma dobra anterior; possivelmente com uma intenção especifica, mas por nós não conhecida. Essa marca pré-existente pode ser o ponto de partida para uma construção diversa da que seria feita se o papel tivesse nos sido apresentado sem qualquer marca. Podemos inferir que, mesmo dobras feitas em um papel inicialmente liso podem, a partir de um plique deliberadamente marcado, transformar o desejo da construção inicial. Isso quer dizer que, aquilo que foi a priori imaginado, pode gerar uma construção absolutamente original. Observamos então que a transformação permeia, assim como na vida, todo o processo de construção; existe sempre a possibilidade de transformar, construir, reconstruir, repensar o que, a princípio, era uma certeza.


Impossível não pensar que, assim como as dobras no papel, nós também temos plicas, marcas que adquirimos ao longo de nossa trajetória. Algumas esperadas e desejadas, outras inesperadas ou indesejadas, mas o fato é que as experiências pelas quais passamos e, mesmo a passagem do tempo, deixam seu registro. Estamos falando aqui do nosso psiquismo, onde tais marcas não são visíveis aos olhares alheios, quiça nem a nós mesmos. Podemos entendê-las como mudanças em nosso comportamento, forma de pensar, se expressar... Cada um pode percebe-las de uma maneira ou não percebe-las pois isso vai depender das possibilidades e disponibilidades de cada um. Na verdade, essa é uma tentativa de entender que todos somos construções resultantes das dobras da vida, não apenas das visíveis - que estampamos no rosto e no corpo - mas também, e tão importante quanto, daquelas que não mostramos para os outros - escolhemos quem pode conhece-las, na medida em que também as desconhecemos.

À cada novo registro, uma nova construção e assim se faz o processo: des-construção de uma certeza ou de uma verdade na qual nos fechamos; re-construção, juntando as peças para um novo momento e, finalmente, a construção, ou seja, a possibilidade de novos caminhos.

Assim, quando o papel é dobrado, quando uma construção é criada através de uma dobradura, estamos, de uma certa forma, projetando nossas próprias marcas, dando-lhes sentido e estabelendo com elas um contato real a partir da interação com a construção realizada.

Finalmente, podemos dizer que a arte do origami, como toda e qualquer construção/ produção de cada individuo, seja ela artistica, técnica, acadêmica, ou simplesmente uma expressão de vida, está impregnada de experiências e das marcas de quem as executa; o artista, plica o papel dando sentido a sua própria existência e apresenta-nos, singelamente, sua historia através das dobras do papel.


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